Varejo de material de construção é campo aberto para aplicação de novas tecnologias

Por Ricardo Adachi

Crédito da imagem: divulgação

Manter as estruturas da empresa atualizadas sempre foi um desafio para o comércio varejista em razão dos custos envolvidos e do emprego de mão de obra especializada. No caso do segmento de material de construção tal cenário se mostra ainda mais verdadeiro. Com raras exceções, o setor historicamente permanece dois passos atrás de outras categorias de varejistas, como o supermercadista, quando os temas são inovação e aplicação de novas tecnologias.

Apesar disso, o que pode ser considerado à primeira vista um problema, na verdade tem um viés favorável. Isso porque o varejo de material de construção acaba por adotar sistemas e ferramentas já consolidadas, maduras e economicamente viáveis.

Hoje, o setor aplica com desenvoltura uma série de tecnologias que beneficiam não somente a organização em relação ao andamento de processos e o volume de vendas, mas também a qualidade de atendimento prestado à clientela.

A utilização de sistemas de gestão de compras e gerenciamento de estoques serve como exemplo. Hoje, as lojas conseguem de forma automática, por meio de IA (Inteligência Artificial) e ML (machine learning), definir com exatidão o momento e a quantidade certa dos itens necessários para reposição, programar o agendamento das entregas dos fornecedores, conforme disponibilidade de espaço e necessidade, aprimorar o fluxo de caixa e eliminar rupturas.

As empresas de meio de pagamento oferecem igualmente uma série de recursos aos comerciantes, como potencial de consumo e informações de mercado de uma determinada região. Isso permite aos varejistas que estabeleçam estratégias específicas para determinados nichos e ampliação de suas operações, inclusive com a sugestão de regiões favoráveis para a abertura de novos pontos de vendas.

Logicamente, é preciso ainda citar a evolução nas facilidades proporcionadas em sua função original pelos meios de pagamento, que têm ajudado sobretudo o atendimento ao consumidor. A integração das funções crédito, débito e PIX somada a um sistema todo amarrado, garante, por exemplo, a transação por meio de links e até redes sociais, o que torna a compra mais adequada e orientada pelas novas demandas dos clientes pós-pandemia.

 

Crédito da imagem: Ricardo Adachi, diretor do Sincomavi e sócio-diretor da Conibase Home Center, que possui 9 pontos de venda e dois centros de distribuição localizados no Estado de São Paulo.


Já se tornou algo comum também em relação aos pagamentos, o vendedor realizar todo o processo, se valendo do celular ou terminal para receber a venda. Tal exemplo já ocorre há alguns anos na própria Conibase com ótimos resultados.
Os ERPs (Enterprise Resource Planning), BI (Business Intelligence) e CRMs (Customer Relationship Management) já são uma realidade no varejo em geral e, no primeiro caso, algo muito comum no comércio de material de construção. Essas ferramentas são importantíssimas para acompanhar os resultados das empresas, estabelecer estratégias ou alterar a rota do negócio e dar maior suporte aos clientes. Em alguns casos, uma versão para dispositivos móveis permite que você confira à distância o desempenho do ponto de venda, mesmo que de forma resumida, facilitando a gestão e permitindo a adoção de ações corretivas mais rápidas e certeiras. Em outros casos, já é possível modular por meio de algoritmos cenários futuros (forecasting), baseado nos dados atuais, ou melhorar a acuracidade das ordens de compras, tendo como referência o lead-time real de entrega do fornecedor.
Recursos ainda pouco utilizados deverão ser algo comum nos varejos de material de construção nos próximos anos, como IoT (Internet das Coisas), Neuromarketing e IA (Inteligência Artificial), já explorado por alguns varejistas do setor.

Hoje, é possível ter uma visão do caminho que está sendo seguido pelo varejo mesmo que minimamente. O consumidor, com a utilização de aplicativos, consegue projetar visualmente a alteração de um espaço da própria residência, a indústria de tintas e de mobiliário já utiliza esse recurso com maestria. Dentro de pouco tempo, esse tipo de ferramenta estará disponível em outras situações, se valendo principalmente das inovações recentes apresentadas pela RA (Realidade Aumentada) e Metaverso.

No caso do merchandising, novos recursos calcados na experiência sensorial permitirão proporcionar aos consumidores uma jornada única de compra. As tecnologias avançadas serão capazes de dar subsídios para identificar o cliente, por leitura facial ou aplicativo no smartphone, e, dessa forma, atender cada demanda específica e criar toda a ambientação desejada. Isso também acabará influenciando decisivamente no mix de produtos e na rentabilidade do varejista, trazendo maior assertividade às compras e eficiência em todo o processo.

Você consegue imaginar a Inteligência Artificial captando um pedido, seja escrito, digitado, por voz ou até mesmo vídeo, e retornando em segundos com um orçamento pronto com todos os preços e sugestões da loja?

Essa revolução no varejo está somente no começo e as empresas que se anteciparem a essas tendências certamente garantirão sua presença no mercado e na memória de seus clientes. Esse é o futuro que nos aguarda.