FEICON entrevista Housi: como os prédios inteligentes impactam a vida de moradores

Por KB!COM

Fachada 1 prédio inteligente – Crédito: Divulgação Housi

Dando sequência à série de conteúdos sobre o conceito de smart cities, a FEICON apresenta, neste mês, uma entrevista com Alexandre Frankel, CEO da Housi, para entender como os prédios inteligentes estão entre as principais tendências do mercado imobiliário.

A empresa traz o conceito de moradia inteligente sob demanda, por meio da conexão com diferentes tipos de serviços, para que os moradores possam otimizar a rotina, facilitando desde atividades como lavar roupa à utilização de automóveis compartilhados e a reserva de áreas comuns por meio de agendamento via aplicativo desenvolvido para cada condomínio.

As funcionalidades são muitas e envolvem sistemas automatizados interligados, eficiência energética, segurança, usabilidade e acessibilidade. Segundo o executivo, a Housi está envolvida em mais de 500 edifícios com este modelo operacional em diferentes regiões do país.

Para entender melhor o assunto, confira a entrevista.

 

O que um empreendimento precisa ter para ser considerado inteligente?

Alexandre Frankel - Primeiramente, precisa ser melhor em algum quesito em comparação com os prédios que o antecederam. Isso já o torna inteligente, frente à versão anterior.  Entendemos que essa edificação também tem que solucionar atividades do cotidiano, otimizando o tempo e gerando mais praticidade para o morador. 

 

De que forma os empreendimentos desenvolvidos pela Housi se encaixam no conceito de cidades inteligentes? E quantas unidades a empresa dispõe no Brasil?

Alexandre Frankel - Nós ultrapassamos 500 projetos no Brasil. Estamos presentes em todos os estados e em 125 cidades. Eu diria que, atualmente, a Housi é a maior incorporadora do país sem ter um tijolo ou proprietário, um modelo da nova economia. E o nosso grande papel é transformar os projetos imobiliários, até então analógicos, em totalmente digitais e conectados às cidades inteligentes.

Em outras palavras, buscamos conectar prédios a tecnologias, serviços e produtos que os tornam mais próximos das demandas da vida moderna. Então, da mesma forma que, hoje, um celular é uma câmera, um GPS e uma calculadora, tornamos cada edifício um hardware multifuncional, que passa a ser o lugar onde a pessoa se alimenta, lava roupa, trabalha, se relaciona e muito mais. 

Com isso, a partir desse hub urbano, melhoramos o entorno e tornamos a vida dos moradores impactados muito mais inteligente, inserindo-os nesse grande movimento de transformação das cidades.

 

Como a tecnologia, a sustentabilidade e a qualidade de vida estão presentes nos projetos da Housi? Quais benefícios e diferenciais de mercado oferecem?

Alexandre Frankel - O nosso grande papel é ser o software do mercado imobiliário. Em outras palavras, conectamos o prédio a centenas de produtos e serviços que melhoram a vida dos moradores. Imagine empresas como as que cuidam de mobilidade (carros e bicicletas compartilhados), lavanderias e mercados autônomos, adegas, os players de conectividade, manutenção, limpeza, e outros, interligados ao edifício provendo e ofertando serviços de forma física e digital. É desta forma que conseguimos simplificar a rotina, otimizar o tempo e gerar maior economia.

A transformação que enxergamos é similar ao que aconteceu nas nossas vidas com o advento do computador ou dos smartphones. Acreditamos que a modernização da vida das pessoas no edifício inteligente tem o mesmo grau de impacto, só que nesse “hardware” chamado prédio.

 

Das regiões que vocês estão presentes, quais têm apresentado o maior potencial de negócios?

Alexandre Frankel - É difícil comparar o maior potencial, porque cada uma tem uma característica muito própria, e eu acredito que em todas há grandes e diferentes potenciais. Temos visto o modelo ser bem-sucedido e servindo a todos os moradores. Acredito que existe um ponto crucial, que é a adaptabilidade, ou seja, a necessidade de cada município.

Obviamente, que existe uma curva de adoção muito forte e rápida nas capitais de alta densidade. Elas são mais adaptativas e abertas a receberem novos modelos, mas a Housi está presente tanto em cidades de 40 mil habitantes, quanto nas capitais que têm milhões de pessoas, e a relevância, o sucesso da solução é o mesmo para cada morador, independente das características de cada região.

 

Como funciona a dinâmica de negócios? Como um projeto é elaborado e comercializado e de que forma os clientes têm acesso a esses empreendimentos?

Alexandre Frankel - A nossa solução se conecta a construções antigas e novas. A plataforma permite que prédios possam ofertar muito mais do que simplesmente um espaço, mas também uma enormidade de serviços para o nosso morador. Assim como temos aplicativos no nosso celular que facilitam a nossa vida, como Instagram, Waze e WhatsApp, no prédio é possível baixar aplicativos exclusivos que mudam a forma de interagir com o mundo, para melhor, sempre.  Acredito que esse é o grande salto quântico que estamos gerando para os imóveis.

 

E qual o retorno a Housi tem, tanto de mercado quanto dos clientes? Tem crescido o interesse das pessoas em morar em prédios inteligentes? E dentro desse conceito de moradia, o que mais as atrai?

Alexandre Frankel - Acredito que a conquista da presença nacional em tão pouco tempo mostra o quanto a plataforma agradou. Temos uma aliança muito forte com os incorporadores que querem trazer a tecnologia e deixar o empreendimento muito mais digitalizado e conectado à vida moderna.

Nos prédios em que atuamos, temos alguns efeitos que valem ser citados. Percebemos maior agilidade nas vendas em 30% em média, aumento de 18% na valorização do empreendimento e crescimento de 40% no interesse de pessoas em morar nestes locais.  E a busca por esse tipo de moradia está muito 

atrelada à tecnologia e revela uma nova forma de enxergar o mercado imobiliário, que passa a trazer uma série de serviços para dentro do edifício, com custo muito mais acessível.

Fachada 2 prédio inteligente – Crédito: Divulgação Housi

Falando um pouco do cenário nacional, que análise você faz hoje do desenvolvimento das cidades inteligentes? É o futuro da construção civil?

Alexandre Frankel - É o futuro. Viajei cerca de 70 cidades nos últimos 12 meses para visitar os nossos empreendimentos. A minha percepção do Brasil, é que muitos municípios estão preocupados ainda em resolver questões básicas, como saneamento, transporte, moradia. Por isso, o padrão de cidades inteligentes que vemos em outros países ainda está longe de ser alcançado.

Eu acredito que as melhorias devem ser gradativas. O movimento das cidades inteligentes começa pelo setor privado, principalmente pelo mercado imobiliário, que tem o poder de transformar a cidade.

Como um player do setor, temos a responsabilidade de começar a induzir o processo de modernização, para que depois ele se prolifere. Como eu disse, é um movimento gradativo, mas sem dúvida nenhuma é o futuro. Precisamos ajudar o nosso país, que tem um desenvolvimento importante a ser feito, até que possamos olhar melhor para o conceito de cidades mais inteligentes.

 

Falando de soluções específicas, atualmente, por exemplo, existem luminárias integradas ao Wi-fi, que permitem dimensionar a iluminação e acessar o perfil de consumo do morador. Como as inovações de produtos têm impulsionado o conceito de inteligência?

Alexandre Frankel - Há uma questão crucial envolvida nisso, que são os dados. Para nós, o prédio é um grande provedor de dados sobre os hábitos de moradia. E, na minha opinião, a melhor tecnologia é aquela que o cliente nem percebe que algo está sendo feito, mas ele sabe que está melhorando a vida dele. Então, no edifício é possível mapear desde o fluxo de pessoas, manutenção de elevadores, os horários em que são feitas as limpezas, o dimensionamento de itens como armários inteligentes, vagas de garagem e equipamentos disponíveis para utilização. 

O mercado ainda está engatinhando e temos feito um trabalho interessante de melhorar a vida do cliente sem que ele perceba. A partir daí, quais são as tecnologias empregadas nesta transformação? Temos desde robôs que entregam delivery diretamente no apartamento da pessoa sem sobrecarregar a portaria, moradores e afins, elevadores inteligentes conectados ao movimento demandado no prédio, antenas de wi-fi inteligentes que conseguem dimensionar fluxo e utilização de espaços e equipamentos. Enxergamos a edificação como um pequeno centro de conveniência, com recursos totalmente linkados aos hábitos de moradia.

Em outras palavras, hoje o/a arquiteto/a de um prédio residencial, precisa entender muito de consumo, de pontos de varejo, para compreender o funcionamento de toda essa dinâmica. Ou seja, identificar, por exemplo, a quantidade de carros compartilhados que serão disponibilizados, o dimensionamento do mercado, o número de máquinas de lavar compartilhadas ou de café que podem ser instaladas.

Voltando à questão, acredito que o principal não é apenas o produto em si, mas como é possível com dados, melhorar a vida do cliente. Desta forma, pode-se extrair informações a partir de equipamentos como fechadura biométrica, do acesso com a leitura facial do prédio, da comunicação pelo aplicativo utilizado para reservas de áreas comuns e contatos com a portaria e, com isso, gerar economia, tempo, eficiência energética e uma série de benefícios que jamais imaginaríamos. Temos times de análise que acompanham os 500 prédios, são terabytes e terabytes de dados originados diariamente, que possibilitam fazer pequenas melhorias diárias para gerar um grande impacto na vida das pessoas. 

 

De que forma os serviços contribuem com práticas de sustentabilidade. Como o ESG é trabalhado nos projetos da Housi?

Alexandre Frankel - Temos muitas medições nos nossos prédios. Sabemos que os moradores se locomovem muito menos, porque têm uma série de serviços gerados internamente de forma compartilhada. Desta forma, temos desde profissionais de limpeza, de manutenção, cabeleireiros e manicures, que prestam serviço no edifício. É uma série de implementos do dia a dia que promove uma eficiência energética gigantesca, com menos gás sendo expelido diariamente por conta desta otimização logística.

Além de uma infinidade de materiais e de provedores de serviços que são contratados pela plataforma, gerando um grau de sustentabilidade, ajudamos todos os prédios e incorporadores na seleção de parceiros e projetistas.

Enfim, conseguimos trazer uma série de implementos do dia a dia, que para o administrador/empreendedor fazer sozinho, fica difícil. E isso vai desde prover tecnologia, que chamamos de IoT até playbooks, que melhoram muito a correlação de preservação ambiental e governança.

 

Acompanhar as mudanças que impactam diretamente a construção civil é uma das tarefas da FEICON. A 28ª edição da feira mais completa do setor na América Latina, acontecerá de 2 a 5 de abril, no São Paulo Expo (SP).

O encontro contará com mais de mil marcas expositoras e espaços para apresentações de lançamentos e soluções com o foco em inovação, que fazem parte do conceito de cidades inteligentes.

Além disso, atrações como o Núcleo de Conteúdo da Construção e do Varejo, que contarão com apresentações para quem quer ampliar os conhecimentos sobre os processos de digitalização do mercado, e a Rota de Tecnologia, confirmada recentemente pela organização, que destacará as soluções mais inovadoras da edição 2024, já estão confirmadas.

O credenciamento é on-line, gratuito e pode ser feito clicando aqui.