Transformação Digital na construção: quando tecnologia e Inteligência de Dados redesenham o setor

Transformação Digital na construção: quando tecnologia e Inteligência de Dados redesenham o setor

Em seu segundo dia, a Feiconference – Conferência Internacional da Construção e Arquitetura, que acontece na FEICON 2025, apresentou o painel “O Futuro da Construção: Transformação Digital por Meio da Hiperconvergência Tecnológica (BIM, IA, Data Analytics e Big Data)”, que foi ministrado pelo especialista Giulliano Polito e apresentou um panorama necessário sobre o futuro da construção civil diante dos avanços tecnológicos.

Segundo ele, o setor está inserido em um dos contextos mais complexos da economia contemporânea, com grande diversidade de normas — federais, estaduais, municipais, ambientais e trabalhistas — e uma ampla cadeia de profissionais cujas decisões são interdependentes.  E a complexidade aumenta com fatores externos como clima, logística e, sobretudo, a velocidade das transformações digitais.

Para Polito, o caminho está na adoção da chamada Construção 4.0, conceito inspirado na Indústria 4.0, que reúne tecnologias como BIM (Modelagem da Informação da Construção), digital twins, inteligência artificial, IoT, drones, laser scan, entre outras. O BIM, segundo ele, é o grande pilar dessa transformação. Enquanto os métodos tradicionais exigem interpretação manual de plantas, o BIM permite uma integração real entre disciplinas, facilita a colaboração em tempo real e gera dados parametrizados. Uma porta, por exemplo, não é apenas um desenho: ela carrega informações sobre peso, material, desempenho acústico e sua relação com os demais elementos do projeto.

Dentro dessa lógica, a inteligência artificial já começa a ser aplicada com sucesso em ambientes de construção digitalizados. Ferramentas de visão computacional, como o reconhecimento facial, são utilizadas para controle de acesso e entrega de EPIs. Há também sistemas de machine learning capazes de analisar fotos em 360 graus feitas nos canteiros e identificar automaticamente falhas, como uma alvenaria incompleta ou equipamentos fora do lugar.

“A gente ensinou a IA a reconhecer o que era defeito. O estagiário tira as fotos e a inteligência artificial classifica automaticamente”, explicou Polito. Com isso, é possível acompanhar a presença de máquinas, a movimentação de trabalhadores e até gerar mapas de calor para entender quais áreas tiveram mais atividade em determinado período.

A base de tudo isso está nos dados, que Polito define como a “matéria-prima da transformação”. Citando William Edwards Deming, ele reforçou: “Sem dados, você é apenas mais uma pessoa com opinião. Dados bem tratados e analisados geram inteligência, e inteligência gera decisões melhores”, afirmou.

Ele concluiu dizendo que os recursos e tecnologias já existem — o desafio agora é tornar o setor mais eficiente, inovador e atrativo para as novas gerações.