Na construção civil, a madeira terá sempre lugar de destaque
Por Egídio Serpa
Comparada a materiais de construção como concreto e aço, a produção de madeira consome menos energia e emite menos carbono.
Legenda: A madeira Eucalipto é hoje muito usada por arquitetos em projetos de residências e resorts nas praias do Maranhão e do Ceará
Foto: Divulgação
Presidente do Sindicato da Indústria de Móveis do Ceará, Osterno Júnior, que tem fábrica no Polo Moveleiro instalado na cidade de Marco, no Norte do estado, leu a longa matéria que esta coluna publicou, na semana passada, a respeito dos novos materiais que a construção civil começará a utilizar nos próximos cinco anos, entre eles o aço.
A matéria incluiu a opinião do empresário Beto Stuart, um dos maiores incorporadores imobiliários cearenses, segundo a qual a madeira, o prego, o martelo, a areia e o tijolo perderão lugar no canteiro de obras para a tecnologia dos novos materiais, no que foi contestado pelos construtores Patriolino Dias, sócio e diretor da Dias de Sousa e presidente do Sinduscon, e Otacílio Valente, sócio e CEO da Colmeia.
Osterno Júnior também discordou de Beto Studart. E mandou à coluna argumentos oportunos e muito interessantes. Ele com a palavra:
“A importância da madeira na construção civil no futuro é significativa, especialmente quando se considera a redução das emissões de carbono. Aqui estão algumas razões pelas quais a madeira pode desempenhar um papel crucial:
“Armazenamento de Carbono: a madeira é um dos poucos materiais de construção renováveis que armazenam carbono. Enquanto as árvores crescem, elas absorvem dióxido de carbono da atmosfera e o armazenam em sua estrutura. Ao usar madeira na construção, esse carbono permanece preso na madeira, ajudando a mitigar as emissões de gases de efeito estufa.
Baixa pegada de carbono: comparada a materiais de construção como concreto e aço, a produção de madeira consome menos energia e emite menos carbono. Processos como a fabricação de concreto são intensivos em energia e liberam grandes quantidades de CO2 na atmosfera, enquanto a produção de madeira requer menos energia e, portanto, resulta em menores emissões.
“Renovável e Sustentável: a madeira é uma fonte renovável, desde que sejam utilizadas práticas de manejo florestal sustentável. Ao contrário do concreto e do aço, cuja extração pode causar danos ambientais significativos, a madeira pode ser cultivada e colhida de forma sustentável, garantindo a sua disponibilidade a longo prazo.
“Eficiência Energética: a madeira também pode contribuir para a eficiência energética das construções. Devido às suas propriedades isolantes naturais, os edifícios feitos de madeira podem exigir menos energia para aquecimento e resfriamento, reduzindo ainda mais as emissões de carbono associadas ao uso de energia.
“Inovações Tecnológicas: com avanços na engenharia da madeira, como a madeira laminada colada (glulam) e madeira compensada, é possível construir estruturas de grande escala, como arranha-céus, pontes e edifícios comerciais, utilizando madeira de forma eficiente e segura.”
Osterno Júnior conclui:
“Em resumo, a utilização da madeira na construção civil no futuro pode desempenhar um papel fundamental na redução das emissões de carbono, promovendo práticas construtivas mais sustentáveis e resilientes ao clima. No entanto, é importante garantir que a colheita de madeira seja feita de forma responsável e sustentável, para evitar o desmatamento excessivo e outros impactos negativos sobre os ecossistemas florestais.”
Esta coluna reforça o argumento do presidente do Sindmóveis-Ceará, ratificando notícia aqui divulgada em setembro do ano passado que tratou do eucalipto cloeziana, cujas características são semelhantes às da madeira de lei. Com a vantagem de que há pouca diferença entre a espessura da base e a do topo da árvore, o que resulta em quase nada de peças tortas e de rachaduras. Essas virtudes do eucalipto oferecem melhor qualidade para os projetos arquitetônicos que exigem acabamento de primeira, como telhados, pérgolas e painéis.
Arquitetos do Maranhão, do Piauí e do Ceará já utilizam o eucalipto tratado nos seus projetos de residências e resorts praianos.
Nas praias cearenses de Fortim e Aracati, por exemplo, há alguns projetos já executados e outros em execução que usam o eucalipto como protagonista de pérgolas e telhados. Em Barreirinhas, porta de entrada dos Lençóis Maranhenses, a maioria dos resorts usa também o eucalipto.