Lições que as grandes obras do mundo trazem para a construção civil
Por KB!COM
Golden Gate Bridge – Varun Yadav/Unsplash
Na sua opinião, quais projetos históricos podem ser considerados referências na construção civil?
Das pirâmides do Egito, a Acrópole de Atenas (Grécia), a Muralha da China, o Taj Mahal (Índia), Burj Khalifa (Dubai), o Masp (São Paulo), o que não faltam são obras, em diferentes cantos do mundo, para contar a história da engenharia, da arquitetura e da sociedade e, consequentemente as contribuições para o atual cenário do setor.
É o que destaca Henrique Lindenberg Neto, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), são muitos os projetos que, de fato, podem ser considerados símbolos de desenvolvimento por trazerem inovação para que novos rumos do setor possam ser traçados. Neste sentido, o profissional cita alguns exemplos.
“A Torre Eiffel, por exemplo, foi projetada para uma exposição que houve em Paris, em 1889. A ideia era fazer uma construção que tivesse 300 metros de altura e assim mostrar o poderio da engenharia francesa, já que anteriormente tanto ingleses como americanos haviam proposto construções com 1.000 pés (304,8 metros) de altura, sem, entretanto, terem conseguido realizar os seus projetos. A torre, após o evento, deveria ter sido demolida, já que não combinava com a arquitetura local, era considerada uma obra industrial no meio da cidade. Mas, o engenheiro Gustave Eiffel insistiu e ela foi mantida, sobretudo, por questões militares, porque era um bom observatório, e, também, para transmissão de rádio”, conta o acadêmico.
Atualmente, a “Dama de Ferro”, como é chamada pelos franceses, além de ser um dos símbolos da cidade e uma das construções metálicas mais famosas, é uma das principais atrações turísticas do mundo. Recebe, em média, 7 milhões de visitantes por ano, segundo publicação do site Brasil Escola.
Torre Eiffel – Foto Anthony Delanoix/ Unplash
Mas não são apenas as “Grandes construções” que fizeram “diferença” na história da engenharia e arquitetura. O Home Insurance Building, nos EUA, é um dos exemplos, conforme explica o professor, por trazer à tona a estrutura de esqueleto metálica (com os andares de baixo em ferro forjado e os superiores, em aço) que passou a ser utilizada nas edificações. O projeto trouxe alternativa ao uso da alvenaria como função estrutural.
“Sabemos que os prédios construídos atualmente têm uma estrutura de esqueleto, que pode ser de concreto ou metálica, mas nem sempre foi assim. Antigamente, os edifícios eram feitos com alvenaria autoportante, com paredes de tijolos e vigas que eram apoiadas nelas, o que limitava a altura das construções. As paredes tinham que ser muito grossas porque eram estruturais. Então, o norte-americano William Le Baron Jenney, que estudou engenharia na França, empregou o sistema (de estrutura de esqueleto) no projeto, o que foi fundamental para a engenharia estrutural”.
Sobre a importância do material para o setor, o acadêmico ainda destaca “a utilização do metal em estruturas a partir do século XIX é que permitiu que tanto as estruturas metálicas como as de concreto armado e protendido - que empregam metal - fossem aperfeiçoadas nos séculos XX e XXI. Resultado disso, é que o material mais utilizado no mundo hoje é o concreto armado, que só foi possibilitado pelo desenvolvimento dos metais. Esses são materiais que, na minha opinião, vieram para ficar na construção civil.”
Curiosidades De acordo com o site Histórias do Mundo, As 7 Maravilhas da Construção da Idade Moderna, são: A Grande Muralha da China, Coliseu (Itália), Ruínas de Petra (Jordânia), Cristo Redentor (Brasil), Machu Picchu (Peru), Chichén Itzá (México) e Taj Mahal (Índia). O Cristo Redentor, por exemplo, foi construído entre 1926 e 1931, pelo engenheiro Heitor da Silva Costa, segundo informações do site da Riotur. O espaço interior é projetado com 12 platôs, formando andares, conectados por escadarias, conforme informações divulgadas no site Brasil Escola. |
Importância dos loteamentos
Já Claudio Conz, presidente do Sindicato Empresarial do Comércio Atacadista e Distribuidor de Material de Construção, Material Elétrico e Energia Elétrica no Estado de São Paulo (SINCOMACO), quando questionado sobre projetos históricos, resgata a relevância dos loteamentos para a construção civil nacional.
Segundo ele, cases como City Lapa, bairro conhecido e valorizado, localizado na Zona Oeste de São Paulo e o Alphaville, situado na região metropolitana do Estado, no município de Santana do Parnaíba, são marcantes porque começaram como loteamentos e cresceram a ponto de se tornarem bairros bem planejados e importantes para suas cidades.
“Vou focar na relevância que o movimento teve para a construção civil no Brasil. Segundo o IBGE, em 1970, tínhamos 16 milhões de casas no país, e o Censo mais recente apresentou 90 milhões. Esse crescimento e desenvolvimento só foi possível, porque o país é formado a partir da autoconstrução individualizada e, na medida que esse processo encontrou um viés de ordenação, principalmente urbana, o impacto foi extraordinário, seja por meio dos novos imóveis, como pelas reformas realizadas em residências mais antigas”.
Outro projeto que o executivo cita como marcante são os túneis da Serra da Rodovia dos Tamoios, que liga o Vale do Paraíba (SP) ao Litoral Norte de São Paulo, pelo desafio de engenharia envolvido na construção.
Curiosidades Entre abril de 1956 e abril de 1960, a estrutura básica da cidade de Brasília (DF) foi construída, segundo informações do IBGE. O projeto, desenvolvido por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, é considerado um marco da arquitetura nacional. Segundo levantamento de 2022, a cidade conta com área territorial de 5.760,784 km² e 2.817.381 habitantes. |
Brasília (DF) - Foto de Telmo Filho/Unsplash
Sistemas construtivos e materiais
Gerente de produtos na Âncora Group Sistemas de Fixação, Haroldo Izareli, destaca os atuais avanços da construção civil, conquistados graças ao desenvolvimento que o setor tem apresentado ao longo da sua história, desde pontes e sistemas construtivos ao uso de materiais e diminuição de resíduos nos canteiros de obras.
“Temos visto nos últimos anos uma alta demanda de construções de residências. Estamos com um déficit de habitação, então precisamos de agilidade e de preço também. Hoje, temos a construção offsite em que se constroem partes do projeto na indústria, e depois vão para o canteiro de obra.
O executivo ainda acrescenta que a técnica, “é uma realidade e teve alarde com a entrada de grandes empresários de outros segmentos na área, no ano passado. Com isso, ganhou espaço a construção a seco com os métodos Light Steel Frame e o Wood Frame e é bem interessante porque as estruturas metálicas ou de madeira (frame) vêm prontas de fábrica e são posicionadas em cima da base de concreto. Antes do fechamento da casa, são colocados os circuitos hidráulicos e elétricos que também já vêm prontos. Então, como se fosse uma montadora, as casas vão sendo formadas. Atualmente, temos o Steel Frame, também em prédios de 10 andares, e o Wood Frame, em edifícios de seis andares”.
Curiosidades: Um dos cartões postais norte-americanos, a Golden Gate Bridge, foi inaugurada em 1937 e recebe anualmente 10 milhões de veículos. Tem aproximadamente 2,737 km de extensão e 83 mil toneladas de aço estrutural na composição, conforme informações do https://www.goldengate.org/. No Brasil, a ponte Rio-Niterói é considerada um marco. No último dia 4 de março, a construção completou 50 anos e a obra nacional tem o maior vão em viga reta do mundo, com 300 metros de comprimento e 72 metros de altura (Vão central). É composta por 1.152 vigas, tem 13 Km de extensão e recebe 180 mil veículos por dia, segundo informativo do CAU/RJ “Ponte Rio-Niterói completa 50 anos: Saiba mais sobre projeto”. |
Golden Gate Bridge – Varun Yadav/Unsplash
Alguns dos projetos mencionados neste texto e muitos outros, bem como o desenvolvimento de materiais que têm contribuído para o processo de modernização do setor ao longo dos anos foi tema do episódio “Lições que as grandes obras do mundo trazem para a construção civil moderna”, do podcast da FEICON, recentemente divulgado nas plataformas digitais do evento. O programa reuniu os três especialistas de diferentes áreas para trazer um panorama da história da construção civil e também alguns dos desafios para o setor. Para conferir a conversa na íntegra, clique aqui.
Lembrando que falta pouco para o evento mais completo da construção civil do país abrir as portas para visitantes, com mais de mil marcas expositoras e espaços para negócios, como Premium Club Varejo, Premium Club Construção, e para apresentações de palestras como Encontro VMC, Fórum Mulheres na Construção, 98º ENIC, Núcleos de Conteúdo Construção e Varejo, Simpósio Sincomavi, Espaço Sincomavi por dentro do varejo, Lounge dos Influenciadores e as Rotas de Tecnologia e de Sustentabilidade. A 28ª edição da FEICON, será de 2 a 5 de abril, no São Paulo Expo.
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